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19 de janeiro de 2011

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Desde muito novo que sentia um irresistível apelo em nomear tudo o que existia
dentro e fora de si.
Escrevia sem parar, em verso e em prosa, juntando as palavras em todas as suas combinações,
tentando conferir-lhes novas significações e estabelecer novas harmonias;
cortando e recortando sempre com afinco, na esperança de ao peso do mundo e da vida,
contrapor a leveza dos textos que escrevia e em que misturava sabiamente
uma melancolia profunda e um humor desregrado.
Um dia, finalmente, deixou de escrever, e passou o resto dos seus dias em silêncio,
com um sorriso a flutuar-lhe no rosto.



(Luís Ene - O peso da leveza)

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